quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Pássaro

Revisto o belo Pássaro das plumas de cristal. O filme me lembra ainda mais Blow up que Profondo rosso. Literalmente: o zoom escava blow ups na imagem, a amplia, a desvela; é o que vai permitir a sua ratificação\retificação, a imagem justa, a que jaz sob a anamorfose. Sam vê da vitrine de uma galeria o "que lhe parece" ser uma mulher sendo agredida. A história do filme- como, aliás, de todos os filmes de Argento- consistirá num estudo ( autópsia?) da imagem ( Brenez), correlata à enquête da intriga. Qual o status de uma imagem? Alucinação, prova, impressão? Sam vai ter de esperar pelo fim do filme para transformar aquela imagem enrevista- flash fotográfico- num plano de cinema: anexar-lhe o fora de campo, o ponto de vista correto, o som off-, e enfim aceder à visão justa: adequação entre o percebido e o real, o Logos e o Ser. Belo tratado maneirista sobre as profundidades que jazem em toda superfície.

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