terça-feira, 19 de abril de 2011

Berlin

O epílogo de Berlin é uma besteira grandiloqüente, sub-Syberberg, a quem Fassbinder odiava/invejava. Mas a série é um abregé fascinante de suas obsessões: a figura do duplo ( como saca Lardeau no belo livro sobre ele); a imagem sacrificial originária ( a morte da mulher de Franz e de Mieze, outro duplo) como o selo de um mundo reificado e idólatra; os fantasmas da mercadoria, nos arabescos do maneirismo; fetiche, masoquismo, decadentismo. O apocalíptico álbum de imagens de um satirista à la Lichtenberg e um decadentista à la Schnitzler, pós-Wirtschaftswunder: um niilismo anarquista em tempos de prosperidade; alguém lembra do Brasil e dos anos 2000 nesta hora, e da necessidade urgente de um outro espírito de porco genial em tempos calamitosamente anti-messiânicos?

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