segunda-feira, 18 de abril de 2011

Blind

Revendo o belo Blind husbands na cópia restaurada do Filmmuseum, talvez o melhor Stroheim junto com o que poderia ter sido Greed. Découpage claríssima, transparente; mas há uma perversa travessia que estrutura o filme- e que se vê em filigrana em toda a sua obra: a passagem do romanesco ( plano geral, notação sociológica, crônica de costumes) ao trágico, ao detalhe naturalista, expresso num close ou num plano médio perniciosamente radiográfico do Mal que corrói cada personagem. Quem iria melhor se aproveitar da intuição de Stroheim – perceber o trágico como uma dimensão a que só podemos ter acesso, numa arte materialista como o cinema, através do “pathos da tara”, do patético da pulsão- em alguns filmes essenciais -e essencialmente desnorteadores –seria o Renoir de Toni, Lange ou A regra do jogo.

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