sexta-feira, 1 de junho de 2012

Harold and Maude

 
Revi ontem o Harold and Maude, habitué da Sessão da tarde no tempo em que eu "não via filmes", e sim acompanhava histórias e lambia pitorescos. Uma devastadora visão da America Law and Order nixoniana. O rapaz vira um campo laboratorial de todas os horrores que o conformismo gerava ( geria) à época; o equivalente ao que o Théatre panique fazia em Paris um pouco antes, só que em chave depressiva- masoquismo a serviço da dialética, auto-destruição como a fotocópia superexposta da Utopia que hoje nos é impossível celebrar. Então, viva a Distopia! O golpe de gênio é o suicídio de Maude, assinalando em pleno carnaval do movimento hippye a cortisona decadentista que corroía sua aspiração à reconciliação, que os votava irremediavelmente à caricatura caduca que desde sempre foram. Como dizia Adorno em qualquer página, celebrar o Novo num mundo em ruínas- ou falar em Paz e amor quando a Guerra do Vietnã bota pra foder-, é regressivo, é acumpliciar-se com o Mal. E Maude sabe disso- e os personagens de L'enfant secret também. Só que Harold é de 1973!, e o filme de Garrel é contemporâneo do crepúsculo e da détresse dos 80.