sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Um dos meus textos favoritos no Dicionários de cinema: Jean Narboni sobre O desprezo.


http://dicionariosdecinema.blogspot.com.br/?zx=8082729a567e231d

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Les jous òu je n'existe pas, Fitoussi





Gérard Blain, certos Hanoun, certos Guiguet; acrescentem à lista outro sublime “bressoniano”: Fitoussi. Les jours òu je n’existe pas é a mais material das parábolas, a fábula mais presente. Junto ao materialismo do cinema, enfatiza-se com igual rigor o seu paradoxo opaco, rasteiro: ser arte “cercada de invisível por todos os lados” ( o fora de campo, de quadro); ser um conto iniciático, um ersatz metafísico da experiência, uma contemplação nirvânica do Real. Mas também o registro metódico ( maníaco) dos rastros que o corpo imprime às outras matérias, o relatório de devires fantasmagóricos, o sismógrafo de superfícies ressoantes de passos, encontrões e horror vacui. Uma e outra coisa? Não, a mesma e Outra. Sempre pensei que a porta que se fecha ao final de The searchers podia ser obra de homem, de morto, de sonho. O que importa é que a porta se fecha. Sim, o efeito antes da causa: como se o fito de toda matéria, de seu ricochetear e esbarrar no mundo, fosse suscitar a posteriori o aconchego da mão de um anjo guardião, de um demônio de sonho e cinza, de um Deus aposentado a reverberar no verão- que estas Fúrias e ninfas só existissem como efeito de um teatro das matérias, de um concentrado e transido trabalho de inervação do plano pela matéria. Não podemos esperar outro milagre; não devemos.