segunda-feira, 13 de setembro de 2010

http://www.nytimes.com/2010/09/13/movies/13chabrol.html?_r=1

"... il faudrait en dire plus sur le maniérisme, qui a contaminé l'ensemble du cinéma depuis une vingtaine d'années, et qui se glissait déjà, mine de rien chez les grands classiques (hawks/
rio bravo, hitchcock/marnie, ford/la prisonnière du désert, il y a un demi-siècle), mais ça me fatigue d'avance ..."

http://skorecki.blogspot.com/2010/08/revu-la-seconde-moitie-de-bob-le.html


...sim, mas aí não se deveriam chamar maneiristas- Powell, Melville, late Hitchcock-, e sim barrocos. Seguindo a linha de pensamento do próprio Skorecki- quando coloca Rio Bravo e outros clásssicos "já nada clássicos" como antecessores das séries de tv- os maneirstas são um fenômeno epocal; questão de linguagem, como sempre, mas tabém de situação numa linha genealógica de crítica e de diferença hermenêutica, entendendo-se aí a diferença sobretudo como um diferir, historicidade do sentido que vai deslindando/delineando uma trajetória, progressiva e "reversiva", ascendente e descendente: de Hawks a Carpenter, mas também de Argento a Antonioni, de Powell a Burton ( e vice-versa), de Vecchiali a Grémillon e Cocteau, mas também de Fassbinder a Sirk e Sternberg, e de Sternberg/Sirk a Fassbinder... verso e reverso, senão não há sentido no método e rigor consequente na abordagem.

Dwoskin




Home movie e music-hall, Frans Zwartjes e Kenneth Anger, mas numa arena de Living theatre: o cinema de Stephen Dwoskin radicaliza este salto sem rede que a geração experimental dos 70 empreendeu até os limites acrobáticos da afasia e da auto-desintegração: projetar afetos e performances de sala, cozinha e banheiro num happening, levar para o palco o que até então fora reservado à coxia e ao camarim: a troca incessante de máscaras, ou antes- a ronda exuberante na qual uma máscara se funde e se metamorfoseia na outra, se mascara. Sado-masoquistas em surdina, Madonas anoréxicas, Quasímodos travestidos de São Miguel Arcanjo, taumaturgos da epilepsia, viciados no haxixe do cu, da boca e da cadeia de humores que estes engendram, corpos atomizados e desatomizados pelas intensidades esquizo-oligofrências que o zoom suscita (ou desvela?); Central bazaar e Dyn Amo são filmes que uma criança antes da fase do espelho dirigiria, se uma criança pré-fase do espelho existisse: narcisistas, feéricos, espectrais; neles, o espaço-tempo de um corpo se desintegra ( e volta a se cristalizar) sob o açoite de mestres de cerimônias- senhores, amantes, partners , como nos 120 dias de Sodoma- cuja varinha de condão atualiza suas virtualidades maquinais e perversas: marionetes, saltimbancos, autômatos para um voraz perverso que ora se identifica à câmera, ora se retrai sob a quarta parede e o limbo de nossa hipnose e, em sua contração animosa e inanimada, espera o corte da vez para o salto na presa.