segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Dwoskin




Home movie e music-hall, Frans Zwartjes e Kenneth Anger, mas numa arena de Living theatre: o cinema de Stephen Dwoskin radicaliza este salto sem rede que a geração experimental dos 70 empreendeu até os limites acrobáticos da afasia e da auto-desintegração: projetar afetos e performances de sala, cozinha e banheiro num happening, levar para o palco o que até então fora reservado à coxia e ao camarim: a troca incessante de máscaras, ou antes- a ronda exuberante na qual uma máscara se funde e se metamorfoseia na outra, se mascara. Sado-masoquistas em surdina, Madonas anoréxicas, Quasímodos travestidos de São Miguel Arcanjo, taumaturgos da epilepsia, viciados no haxixe do cu, da boca e da cadeia de humores que estes engendram, corpos atomizados e desatomizados pelas intensidades esquizo-oligofrências que o zoom suscita (ou desvela?); Central bazaar e Dyn Amo são filmes que uma criança antes da fase do espelho dirigiria, se uma criança pré-fase do espelho existisse: narcisistas, feéricos, espectrais; neles, o espaço-tempo de um corpo se desintegra ( e volta a se cristalizar) sob o açoite de mestres de cerimônias- senhores, amantes, partners , como nos 120 dias de Sodoma- cuja varinha de condão atualiza suas virtualidades maquinais e perversas: marionetes, saltimbancos, autômatos para um voraz perverso que ora se identifica à câmera, ora se retrai sob a quarta parede e o limbo de nossa hipnose e, em sua contração animosa e inanimada, espera o corte da vez para o salto na presa.

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