Gérard Blain,
certos Hanoun, certos Guiguet; acrescentem à lista outro sublime “bressoniano”:
Fitoussi. Les jours òu je n’existe pas é a mais material das parábolas, a
fábula mais presente. Junto ao materialismo do cinema, enfatiza-se com igual
rigor o seu paradoxo opaco, rasteiro: ser arte “cercada de invisível por todos
os lados” ( o fora de campo, de quadro); ser um conto iniciático, um ersatz
metafísico da experiência, uma contemplação nirvânica do Real. Mas também o registro metódico ( maníaco) dos rastros que o corpo imprime
às outras matérias, o relatório de devires fantasmagóricos, o sismógrafo de
superfícies ressoantes de passos, encontrões e horror vacui. Uma e outra coisa?
Não, a mesma e Outra. Sempre pensei que a porta que se fecha ao final de The
searchers podia ser obra de homem, de morto, de sonho. O que importa é que a
porta se fecha. Sim, o efeito antes da causa: como se o fito de toda matéria,
de seu ricochetear e esbarrar no mundo, fosse suscitar a posteriori o aconchego
da mão de um anjo guardião, de um demônio de sonho e cinza, de um Deus
aposentado a reverberar no verão- que estas Fúrias e ninfas só existissem como
efeito de um teatro das matérias, de um concentrado e transido trabalho de
inervação do plano pela matéria. Não podemos esperar outro milagre; não devemos.
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