quinta-feira, 7 de julho de 2011

Fondu

Revendo Balthazar, não me lembrava que Bresson usava ainda o fondu entre as seqüências. Mas tem sua razão. O corte é o abrupto salto de presente para presente: causa e efeito, dedução. No fondu, o trabalho do tempo sobre a matéria fica mais evidente: o presente se infiltra de reminiscência ( o passado que ainda não acabou de passar) e é grávido de presciência. Uma mediação no modo do gerúndio: sendo. Em se tratando de um filme sobre passagens- da infância à velhice, do amor casto ao corrupto, do corrupto ao amor fati, da imanência das tarefas cotidianas à transfiguração da contemplatio dei-, nada mais (i)natural.

2 comentários:

josé neves disse...

bela lista, não totalmente partilhada pelo meu gosto, mas gostos poderão ser desgostos e neste caso isso é irrelevante. Tomara-nos um gosto tão particular nos sujeitos que professam inanidades em troca de salário, a que chamam críticos e nos tentam impingir Soderbergh e Judie Foster como cineastas a reter.

Júnior disse...

eu acho importante sempre equacionar gostos- ou taras- pessoais com certos filmes inescapáveis, josé.