Em Palio ( 1932), Blasetti fazia na Itália o que Renoir encenava
na França e Barnet “brincava” na Rússia: cinema moderno. Basicamente, esta
competição entre cavaleiros numa cidade medieval da Itália se resolve em uma
série(s) de digressões, duos e tercetos entre os atores ( com direito a
piscadelas mais do que extra-diegéticamente maliciosas para a câmera),
panorâmicas “backstage” e contracampos estridentes, que garantem o lugar da
platéia no campo. Por que cinema moderno? Porque teatro. Como assim teatro? Porque
tv, sem mais. A tv é o teatro do nosso tempo, ou seja: o “ao vivo”. O corpo do
ator, o tumulto indisciplinado do fora de campo, a oxigenação do studio system
pela vida e pela morte, embalsamadas de
féerie. Cassavetes, Arrieta, Rouch e Shirley Clarke já estão aí, espiando atrás
da coxia. (Minto: da quarta parede). Filme
indispensável na formação de qualquer cânon genealógico.
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