sábado, 30 de outubro de 2010

Lendo o extraordinário- didático e estiloso; óbvio e ululante; algo melhor?- livro do Thoret sobre Argento e relendo o pleonástico L'homme ordinaire au cinéma do Schefer. Por que pleonástico? O filme consiste em variações obsessivas sobre a insônia, e a vigília do Nosferatu uterino em que todos voltamos a nos transformar numa sala de cinema é a metáfora-mor em torno da qual Schefer vai desfiando seu cortejo semi-cataléptico de sonambúlicas inspeções: do erotismo, do vampirismo, do fatal ostracismo sob a casa, a memória, a imaginação e o túmulo. Uma das mais equívocas e onívoras reflexões sobre a alucinação particular, ilustrada por Dreyer em Vampyr- um dos favoritos de Schefer-, que consiste em acreditar que a nossa vida- a dita verdadeira vida, desperta e consciente, plausível e concatenada- realmente existe.

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