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" (...) Mourlet dá o preceito metodológico fundamental: 'Permanecer sempre ligado ao centro'. Estética da centralidade, da imediaticidade, o cinema clássico está realmente fundado na preocupação maior de não 'repartir a cena'; o que conta é menos o respeito pela realidade do que pela cenicidade. E em tudo isto alguma coisa se delineia, através da dupla exigência da expressividade imediata- sem meios, a não ser os naturais- e do acordo do gesto com o espaço. Algo que equivaleria ao desejo secreto da mise en scéne: ocupar o espaço, apropriar-se dele e, mais precisamente, dissimular a incapacidade do visual em tratar o espaço, reinjetando nele, fantasmaticamente, a presença de um corpo. Pra as abordagens fenomenológicas, o espaço é o reino do táctil-cinético, a visão só oferece sucedâneos deste; é esta impotência que a noção de mise en scéne quer compensar, esta separação excessiva dos corpos. (...) Nestas estéticas mais homogeneamente constituídas, é sempre com uma nostalgia do corpo que o cinema lida: a mise en scéne é esta nostalgia".
Jacques Aumont.
... e Paradjanov, Straub, Green, Costa, Duras, Mann, Guiraudie, Syberberg, Guiguet, Vecchiali, Biette, Monteiro, Brisseau, Yang... e o senhor acima, o maior cineasta vivo do mundo.
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