sexta-feira, 30 de julho de 2010

Constelações


Bem, o plano que encerra Oiyku do Mizoguchi , de 1933 tem cerca de 5 minutos ( ao menos, para mim, decorridos 1 hora de filme); o plano em que Balibar “pede um tempo para se concentrar” dura 9 minutos, ao que me parece ( não vi o Costa) mas tendo visto os outros... o plano geral da Praça do Libertador ( na falta de nome melhor para um herói filipino, não me peçam exatidão cronológica, iconográfica ou taquigráfica) em Autohystoria deve durar 8 minutos?... me lembrei de Empire, claro. São um único e mesmo plano, afinal. É uma única e mesma trajetória, afinal. Uma crítica genealógica se deixa melhor descrever pelo conceito de filiação que de gênese ou origem. Ou antes: uma origem só se apreende ao longo de suas trajetórias e/ou metamorfoses, assim ( exatamente sob o mesmo diapasão contrapuntístico) em que o movimento, em cinema, só se mostra realmente visível através da mediação ( na falta de palavra pior) desempenhada pelo plano fixo.

Ps: a duração dos planos aqui não é um princípio a reter- auteurs contra cineastas funcionais, que cortam entre uma ação e outra, que não pensam a montagem como relação e implicação entre planos, como sugere Biette, mas sim como geração descontínua de novos espasmos e fulgurações-, a não ser sob a forma de um axioma imprescritível a uma arte de presentificações como o cinema: de que a duração fixa e estatui uma presença, ou a reserva/conserva numa redoma espaço-temporal: observa-a e a escruta e, ao fazê-lo, lhe garante a autenticidade da evidência que cumpre, consuma e consome toda presença: um rastro.

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