sexta-feira, 30 de julho de 2010

Femmes femmes


Femmes é dos filmes que nos fazem repensar não apenads o que entendemos por essência do cinema ( noção problemática hoje, em qualquer domínio) mas também o que supomos entender por sua história, noção radicalmente ancorada na de essência, aliás.
Com seus planos quase-tableaux, sua mescla de documentário e artifício constante, e mesmo auto-dinamitante ( o filme geralmente desliza, ao seguir o andante das fadas Melusinas rétro), mas em vários momentos o faux-raccord adquire a função de um carrossel sobressaltado e abrupto, onde tudo se desarticula e nubla, espaços, tempos, papéis, posições de papéis, até o mix final, de uma crueldade única e bela, mix que resulta numa paradoxal fusão entre o desequilíbrio do raccord e das encenações superpostas em série. Enfim, no distanciamento final da câmera que enquadra Surgére dentro do quadro e fora da cena; pois ela , que a princípio ocupava o devant da cena, vira uma mera coadjuvante, limitada ao gesto de entornar uma taça de champanhe, comentando e irônicamente imitando o ocaso de Saviange- e Saviange no centro da cena mas fora do quadro, na sarjeta do campo, mas imantando mais que nunca- uma última vez, no caso- o campo com um Etna vocal que denuncia a distância e a imobilidade do planops: o plano final é este aí, mas o grito lancinante e ocultado/recalcado pelo campo que o estilhaça vocês não podem ouvir, e isto faz toda diferença.

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